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Os Vazios de Cuba: Presença, Ausência e Resistência

  • fab
  • 23 de fev.
  • 2 min de leitura

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Explorei Cuba em Janeiro de 2025: Bienal de Havana e História Revolucionária


Cuba é um país de contrastes que ecoam através do tempo. Aqui, as ausências não são meros vazios, são marcas vivas de histórias contadas pelo que falta e pelo que se inventa. Em cada esquina, um jogo de presença e ausência que desafia a lógica de quem olha de fora.


Os vazios estão nas prateleiras dos mercados e restaurantes, onde o que deveria estar se torna miragem. Mas também estão nas praças, nos largos pés-direitos das construções antigas, no espaço generoso para sentar, viver e conversar. Uma cidade que se molda ao que há e ao que falta. Onde escassez e criatividade dançam uma salsa visceral, desafiando a noção do que é estar completo.


Na cobertura do Hotel Inglaterra, filmo um terraço onde uma bandeira cubana tremula ao vento. Atrás dela, o Teatro Nacional. Quantos discursos revolucionários já ecoaram ali? Quantos olhos já se voltaram para esse símbolo, vendo nele ora esperança, ora desafio? Erguida entre o concreto e o sonho, essa bandeira não é apenas um pedaço de pano ao vento. É história em movimento.


E por falar em movimento, há algo de irresistível no cocotáxi. Pequeno, amarelo e irremediavelmente chamativo, ele corta a cidade como um pensamento ousado. Subir nele é um convite ao inesperado. Ele serpenteia entre as ruas, fugindo do trânsito como quem improvisa uma rima. É um meio de transporte ou um manifesto sobre fazer muito com pouco?


Na estrada, a arquibancada de estádio de futebol grita: "Socialismo ou Morte" diante de um ermo espaço ao entorno. Um lembrete cravado no concreto, um eco de tempos que ainda são presente. Em Cuba, as palavras não estão apenas nos discursos; estão nos muros, nas camisetas, nas entrelinhas das conversas cotidianas. A revolução é, ao mesmo tempo, ideologia e paisagem.


E quando o sol se põe, tudo se tinge de dourado. O que poderia ser tristeza se transforma em um quadro vivo, onde as ruínas brilham e as sombras dançam sobre o passado e o futuro. Porque Cuba não é apenas um lugar. É um sentir. É um vazio que se preenche de presença.


O que realmente ocupa um espaço? O que é essencial e o que é ausência? Em Cuba, essas perguntas não são filosóficas. São diárias, concretas, pulsantes. No fim, o que se vive aqui não é apenas o que se tem à vista. É o que se sente. É o que se ressignifica.



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🌍 Ateliê de Horizontes 2025. Agência de Viagens e Turismo.  

 

Agradecimentos a Unsplash pelas imagens e ao Wix pelo design.

Este conteúdo está licenciado sob CC BY-SA. 

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